07 de março de 2011.
Sábado de carnaval e mi n h a f amí l i a t o d a vi a j amo s à Pau do s Fer ros , para vi s i tar minha irmã, que lá mora e no dia seguinte, eu faria uma bela pedalada.
Nada organizei, deixei t u d o a o enc a r g o d e Angelotti, meu cunhado, que reuniu dois amigos para nos acompanhar nessa aventura.
08 de março de 2011.
No dia seguinte, despertei antes do Sol, junto ao cantar dos galos e de outros pássaros inde?nidos, no terreno vizinho. Angelotti já encontrava-se de pé, organizando sua indumentária para a atividade.
Nesse momento tomei conhecimento que a pedalada seguiria até a cidade de Martins, o ponto mais alto do Rio Grande do Norte e que a distância estava estimada em, aproximadamente, 43 Km, divididos entre dois trechos de terra, separados por um de asfalto entre eles.
Dessa vez, o café da manhã foi por conta da Correia Imobi l iária, que, diga-se de passagem, estava simplesmente delicioso, exatamente assim, simples e delicioso.
Saímos às 5:10h, quando o primeiro bravo guerreiro, Márcio, amigo de Angelotti batia ao portão,
seguindo em direção à Igreja Matriz, onde Roniele, o segundo gigante dos pedais, nos aguardava.
De lá, seguimos saindo da cidade e tomando o caminho rumo a Serrinha dos Pintos, uma cidade antes de Martins. Logo o asfalto ?ndou e adentramos em um trecho de 14 Km de estrada de barro, onde o Sol, ainda por trás das montanhas, iluminava o caminho deixando a temperatura amena a o l o n g o d o percurso.
Em uma paisagem de encher os olhos, o verde crescente, despertado pelas chuvas recentes, i n u n d a v a a p a i s a g e m , enquanto, ao longe, a s n u v e n s e n g o l f a v am a s m o n t a n h a s , d e i x a n d o u m cenário absolutamente belo e raro em uma terra onde o Sol costuma castigar o chão e tudo ao redor.
Vencida essa estrada inicial, iniciamos um trecho de asfalto, sempre subindo e ainda sendo brindado pela beleza da paisagem, que, em alguns lugares, se estendia com planícies longas e verdejantes, quase in?nitas, limitadas por montanhas ao longe, enquanto o Sol nos aquecia a pele com seus primeiros raios.
Então, no meio do caminho, tomamos uma estrada lateral e de barro, em estado mais precário que a primeira, aqui, vencidos os primeiros 30Km, iniciava um novo trecho da pedalada.
Nesse momento, umas 7:30h, a temperatura já demonstrava onde iria chegar, e, ainda, brincávamos uns com os outros, bem humorados e degustando as belezas ao longo do caminho, nesse momento percebia que a e s t r a d a e r a u m contínuo subir, quase nunca descendo, e q u a n d o o c o r r i a alguma descida, era só um leve declive, s e g u i d o d e uma , outra, grande subida.
Passados uns 40Km, 10Km só de subida c ont ínua , em um terreno muito duro e Primeiros raios de Sol
pedregoso, quando o c a l o r d o d i a j á dissipara as belas nuvens que abraçavam as montanhas, a pedalada começava a minar minhas forças, momento em que uma moto se aproximava de mim, subindo o caminho, quando fui tentar abrir passagem, caí em uma vala, apesar de estar quase parado, não consegui liberar a sapatilha do clipe e caí, machucando o braço e a mão.
Mas segui o caminho, subida essa que poderia ser descrita da seguinte forma: sobe-se até o que se imagina ser o ?m da ladeira, para, quando chegar lá, ver que era só uma curva e que havia uma outra maior ainda, e outra, e outra, e outras tantas mais.
Então, eu olhava para os lados e percebia que as montanhas ao redor, antes estavam todas acima de mim, enquanto eu me encontrava na base, depois me sentia na altura do meio, foi assim até que as montanhas começaram a ?car mais baixas.
Nesse momento percebi que seguíamos não apenas para o cume desses acidentes geográ?cos, mas nos dirigíamos para a mais alta delas.
Quando o calor e as s u b i d a s j á pareciam ter me de r r o t ado e a s p e r n a s d a v am claro sinal de que era uma questão de t e m p o a t é a primeira cãibra a p a r e c e r , c h e g a m o s a S e r r i n h a d o s Pintos, um alívio temporário muito bem vindo. Paramos para repor as energias, sentar à mesa em um bar sem ninguém, ir ao banheiro, beber água e refrigerante e ver essa sensação de paraíso ir embora quando montamos nas bikes e retornamos à pedalada.
Iniciamos a subida, no posto, ao lado do bar, soubemos que não faltavam 2Km como esperávamos, porém mais cinco, era tudo o que eu precisava, mais estrada quando as forças já estavam no ?m.
Sem crise, o jeito é seguir adiante.
Metro por metro, fomos vencendo o trecho ?nal, ao menos de asfalto a partir dali. Passados uns 2Km, minhas pernas iniciavam pequenas cãibras a cada pedalada. Eu pressentia que era só uma questão de tempo até que essas pequeninas contrações virassem uma séria. Como minha perna esquerda dava sinais que estouraria a qualquer momento e as pequenas cãibras cavam maiores, temia que chegasse uma de vez e eu não conseguisse soltar o pé do clipe e levasse uma segunda q u e d a . R e s o l v i parar.
Destravei os pés dos pedais e coloquei a perna direi ta no c h ã o , f o i instantâneo, a perna endureceu no exato momento em que o pé tocou o solo e uma dor lancinante transformou minha c o x a e m a l g o margeadas por montanhas ao longe parecido com uma escultura de madeiras, com nós rígidos no lugar dos músculos, me apressei em descer da sela e não cair, mesmo com a dor, passei a perna por cima do selim e tentei me ?rmar em pé com a perna esquerda, mas foi só pisar e a perna esquerda, também, enrijeceu-se e uma dor indescritível me dominava.
Naquele momento, eu sabia que a única coisa possível a ser feita para combater a situação que se instaurara era lutar contra a dor e dobrar as pernas, foi o que ?z, ?cando de cócoras, repousando a bike no acostamento e me sentando no chão.
Nessa hora, meus companheiros de jornada já estavam um pouco à frente e não me viram, mas logo, logo, passaram alguns moradores locais e eu pedi que se os encontrassem, lhes transmitissem que eu não tinha condições de continuar, mas que estava bem e que ?caria sentado ali, no meio da subida até Martins, até algum socorro ser providenciado.
O tempo passou, Angelotti ligou e disse que iria providenciar um transporte para me levar nos metros ?nais. Alguns minutos depois, já me sentindo melhor, resolvi subir a última etapa do trajeto, peguei a bike e comecei a pedalar, vencendo e subindo metro por metro.
Decidi, então ligar e avisar que já estava ind o , ma s qu and o Angelot t i atendeu, disse que já estava na porta do taxi, momento em que meditei se seria realmente prudente c o n t i n u a r, o u s e deixasse ele me buscar,
a c o n t e c e s s e e a condução não estivesse mais disponível seria preocupante. Disse, então, que viesse me pegar. Subi os últimos metros de carro, com a bicicleta em um bagageiro sobre o veículo, me encontrei com os rapazes menos de um minuto depois de ter entrado no carro, paguei os cinco Reais pela corrida e fui comparar o registro de minha distância com a de Angelotti, menos de 500 metros separavam os dois computadores de bordo. Pense em um homem arrependido por ter pego essa condução... Mas, sem crise, se não houver esses contratempos, também não há a diversão que alimenta esses momentos.
Depois, foi só esperar nossas esposas, ?lhas e D. Josélia virem ao nosso encontro, almoçar e retornar para uma tarde de descanso na velha Pau dos Ferros, onde um colchão no chão, em um quarto com ar condicionado, me agua
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