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quinta-feira, 10 de março de 2011

Diário de bordo da pedalada ( Trilha e Serra) - Pau dos Ferros à Martins - Por: Adriano Gurgel Umbelino

07 de março de 2011.
Sábado  de  carnaval  e mi n h a  f amí l i a  t o d a vi a j amo s  à  Pau  do s Fer ros ,  para  vi s i tar minha  irmã,  que  lá mora e no dia seguinte, eu faria uma bela pedalada.
Nada  organizei,  deixei t u d o  a o  enc a r g o  d e Angelotti, meu cunhado, que reuniu dois amigos para nos acompanhar nessa aventura.
08 de março de 2011.
No dia  seguinte, despertei  antes do Sol,  junto  ao  cantar dos  galos  e  de  outros  pássaros  inde?nidos,  no  terreno vizinho.  Angelotti  já  encontrava-se  de  pé,  organizando sua indumentária para a atividade.
Nesse  momento  tomei  conhecimento  que  a  pedalada seguiria até a cidade de Martins, o ponto mais alto do Rio Grande  do Norte  e  que  a  distância  estava  estimada  em, aproximadamente,  43 Km,  divididos  entre  dois  trechos de terra, separados por um de asfalto entre eles.
Dessa  vez,  o  café  da  manhã  foi  por  conta  da  Correia Imobi l iária,  que,  diga-se  de  passagem,  estava simplesmente  delicioso,  exatamente  assim,  simples  e delicioso.
Saímos  às  5:10h,  quando  o  primeiro  bravo  guerreiro, Márcio, amigo de Angelotti batia ao portão,
seguindo em direção à   Igreja Matriz, onde Roniele, o segundo gigante dos pedais, nos aguardava.
De  lá,  seguimos  saindo  da  cidade  e  tomando  o  caminho rumo  a  Serrinha  dos  Pintos,  uma  cidade  antes  de Martins.  Logo  o  asfalto  ?ndou  e  adentramos  em  um trecho de 14 Km de estrada de barro, onde o Sol, ainda por trás das montanhas, iluminava o caminho deixando a temperatura amena a o  l o n g o  d o percurso.
Em  uma  paisagem de  encher  os  olhos, o  verde  crescente, despertado  pelas chuvas  recentes, i n u n d a v a  a p a i s a g e m , enquanto,  ao  longe, a s  n u v e n s e n g o l f a v am  a s  m o n t a n h a s , d e i x a n d o  u m cenário absolutamente belo e raro em uma  terra onde o Sol costuma castigar o chão e tudo ao redor.
Vencida  essa  estrada  inicial,  iniciamos  um  trecho  de asfalto,  sempre  subindo  e  ainda  sendo  brindado  pela beleza da paisagem, que, em alguns  lugares, se estendia com  planícies  longas  e  verdejantes,  quase  in?nitas, limitadas  por montanhas  ao  longe,  enquanto  o  Sol  nos aquecia a pele com seus primeiros raios.
Então,  no  meio  do  caminho,  tomamos  uma  estrada lateral  e  de  barro,  em  estado  mais  precário  que  a primeira, aqui, vencidos os primeiros 30Km, iniciava um novo trecho da pedalada.
Nesse  momento,  umas  7:30h,  a  temperatura  já demonstrava onde iria chegar, e, ainda, brincávamos uns com os outros, bem humorados e degustando as belezas ao  longo  do  caminho,  nesse  momento  percebia  que  a e s t r a d a  e r a  u m contínuo  subir,  quase nunca  descendo,  e q u a n d o  o c o r r i a alguma  descida,  era só  um  leve  declive, s e g u i d o  d e  uma , outra, grande subida.
Passados  uns  40Km, 10Km  só  de  subida c ont ínua ,  em  um terreno muito  duro  e  Primeiros raios de Sol
pedregoso,  quando  o c a l o r  d o  d i a  j á dissipara as belas nuvens que abraçavam as montanhas, a  pedalada  começava  a minar minhas  forças, momento em  que  uma  moto  se  aproximava  de  mim,  subindo  o caminho, quando  fui  tentar abrir passagem, caí em uma vala, apesar de estar quase parado, não consegui  liberar a sapatilha do clipe e caí, machucando o braço e a mão.
Mas  segui  o  caminho,  subida  essa  que  poderia  ser descrita da seguinte  forma: sobe-se até o que se  imagina ser o ?m da  ladeira, para, quando chegar  lá, ver que era só  uma  curva  e  que  havia  uma  outra  maior  ainda,  e outra, e outra, e outras tantas mais.
Então,  eu  olhava  para  os  lados  e  percebia  que  as montanhas ao redor, antes estavam todas acima de mim, enquanto eu me encontrava na base, depois me sentia na altura  do  meio,  foi  assim  até  que  as  montanhas começaram a ?car mais baixas.


Nesse momento percebi que seguíamos não apenas para o cume desses acidentes geográ?cos, mas nos dirigíamos para  a  mais  alta delas.
Quando o calor e as s u b i d a s  j á pareciam  ter  me de r r o t ado  e  a s p e r n a s  d a v am claro  sinal  de  que era uma questão de t e m p o a t é a primeira cãibra  a p a r e c e r , c h e g a m o s  a S e r r i n h a  d o s Pintos, um alívio  temporário muito bem vindo. Paramos para  repor  as  energias,  sentar  à mesa  em  um  bar  sem ninguém,  ir ao banheiro, beber água e refrigerante e ver essa  sensação  de  paraíso  ir  embora  quando montamos nas bikes e retornamos à pedalada.
Iniciamos  a  subida,  no  posto,  ao  lado  do  bar,  soubemos que não  faltavam 2Km  como  esperávamos,  porém mais cinco, era tudo o que eu precisava, mais estrada quando as forças já estavam no ?m.
Sem crise, o jeito é seguir adiante.
Metro  por  metro,  fomos  vencendo  o  trecho  ?nal,  ao menos  de  asfalto  a  partir  dali.  Passados  uns  2Km, minhas  pernas  iniciavam  pequenas  cãibras  a  cada pedalada.  Eu  pressentia  que  era  só  uma  questão  de tempo  até  que  essas  pequeninas  contrações  virassem uma séria. Como minha perna esquerda dava sinais que estouraria  a  qualquer  momento  e  as  pequenas  cãibras  cavam maiores, temia que chegasse uma de vez e eu não conseguisse  soltar  o  pé  do  clipe  e  levasse  uma  segunda q u e d a .  R e s o l v i parar.


Destravei os pés dos pedais  e  coloquei  a perna  direi ta  no c h ã o ,  f o i instantâneo, a perna endureceu  no  exato momento  em  que  o pé  tocou  o  solo  e uma  dor  lancinante transformou  minha   c o x a  e m  a l g o margeadas por montanhas ao longe parecido  com  uma escultura  de  madeiras, com nós  rígidos no  lugar dos músculos, me apressei em descer  da  sela  e  não  cair,  mesmo  com  a  dor,  passei  a perna por cima do selim e tentei me ?rmar em pé com a perna  esquerda,  mas  foi  só  pisar  e  a  perna  esquerda, também,  enrijeceu-se  e  uma  dor  indescritível  me dominava.
Naquele momento, eu  sabia que a única coisa possível a ser feita para combater a situação que se  instaurara era lutar  contra  a  dor  e  dobrar  as  pernas,  foi  o  que  ?z, ?cando de cócoras, repousando a bike no acostamento e me sentando no chão.
Nessa  hora, meus  companheiros  de  jornada  já  estavam um  pouco  à  frente  e  não  me  viram,  mas  logo,  logo, passaram  alguns moradores  locais  e  eu  pedi  que  se  os encontrassem,  lhes  transmitissem  que  eu  não  tinha condições de continuar, mas que estava bem e que ?caria sentado  ali,  no meio  da  subida  até Martins,  até  algum socorro ser providenciado.

 O  tempo  passou,  Angelotti  ligou  e  disse  que  iria providenciar  um  transporte  para me  levar  nos metros ?nais.  Alguns  minutos  depois,  já  me  sentindo  melhor, resolvi  subir  a  última  etapa  do  trajeto,  peguei  a  bike  e comecei a pedalar, vencendo e subindo metro por metro.
Decidi,  então  ligar  e avisar  que  já  estava ind o ,  ma s  qu and o Angelot t i  atendeu, disse  que  já  estava  na porta do taxi, momento em que meditei se seria realmente  prudente c o n t i n u a r,  o u  s e deixasse ele me buscar,
a c o n t e c e s s e  e  a condução  não  estivesse mais disponível seria preocupante. Disse, então, que viesse me pegar. Subi os últimos metros de  carro,  com  a  bicicleta  em  um  bagageiro  sobre  o veículo,  me  encontrei  com  os  rapazes  menos  de  um minuto  depois  de  ter  entrado  no  carro,  paguei  os  cinco Reais  pela  corrida  e  fui  comparar  o  registro  de minha distância  com  a  de  Angelotti,  menos  de  500  metros separavam os dois computadores de bordo. Pense em um homem  arrependido  por  ter  pego  essa  condução... Mas, sem  crise,  se não   houver  esses  contratempos,  também não há a diversão que alimenta esses momentos.
Depois,  foi só esperar nossas esposas, ?lhas e D. Josélia virem  ao nosso  encontro,  almoçar  e  retornar  para uma tarde  de  descanso  na  velha  Pau  dos  Ferros,  onde  um colchão no chão, em um quarto com ar condicionado, me agua

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